Os 7 hábitos das pessoas altamente eficazes

F&L – Finanças & Leitura

Os 7 hábitos das pessoas altamente eficazes

 

Hoje dou início à minha coluna no blog da WG Finanças com uma proposta um pouco diferente. Selecionarei alguns best sellers ao longo do próximo ano voltados para negócios, finanças e empreendedorismo e farei alguns comentários (alerta de spoiller). O objetivo não é fazer um resumo dos livros, mas sim trazer formas de aplicar os preceitos apresentados em nossas vidas, seja no âmbito profissional ou pessoal e, quem sabe, incentivar o leitor a fazer uma leitura mais completa do livro original.

O primeiro livro para a série de postagens é “Os 7 hábitos das pessoas altamente eficazes” de Stephen Covey. Como não podemos iniciar um texto sem pelo menos tentar entender a perspectiva do autor, Covey foi mestre em Administração pela Universidade de Harvard e doutor pela Universidade Brigham Young (o que já sugere uma mente totalmente voltada para os negócios). O livro em questão foi lançado em 1989 e continua até os dias de hoje como uma referência.

Mas referência para que e para quem? Muito se discute sobre o livro de Covey ser mais um livro de autoajuda do que um livro sobre administração e gestão. Quem lê as primeiras páginas do livro já percebe que o autor transita nessas duas áreas, mas sem uma demarcação bem definida. Uma passagem do livro que marca essa característica é a dicotomia “Ética do caráter” e a “Ética da personalidade”.

A Ética do Caráter define alguns princípios de vida básicos dos quais os comportamentos do indivíduo seriam derivados, e conquistariam o “verdadeiro sucesso e a felicidade duradoura” somente quando conseguisse implementar todos esses princípios no seu “algoritmo cerebral” (entendendo-se aqui algoritmo como uma sequência predefinida de regras, raciocínios ou operações que produz uma solução para determinado tipo de problema).

Já a Ética da Personalidade pode ser resumida naqueles preceitos básicos de relacionamento com o próximo: “sua atitude determina sua altitude”, “sorrisos conquistam mais amigos do que caras feias” e “a mente humana pode conquistar qualquer coisa que consiga conceber e acreditar”. Ao fazer alguma leitura mais voltada para a Ética da Personalidade é possível se sentir até mesmo um pouco manipulador ou maquiavélico. É como se o autor nos ensinasse a controlar os outros indivíduos a partir de certos comportamentos.

Covey se distancia do conceito de autoajuda a partir do momento que enfatiza a Ética do Caráter como cerne do seu livro. A relação causal entre comportamento e sucesso é substituída pela relação entre caráter, comportamento e sucesso.

Ok, chega dessa discussão e vamos direto aos hábitos (afinal, os comentários devem ser menores que o livro em si). Para Covey, a definição de hábito é a interseção entre 3 componentes “matrizes”: Conhecimento, Habilidade e Vontade. A forma de tornar aquele comportamento um hábito deve reunir os três elementos acima. Somente a vontade não é suficiente se o indivíduo não tem a habilidade requerida para aquele trabalho, ou somente tem o conhecimento e não tem vontade.

Hábito 1 – Ser proativo

Esse hábito é basicamente construir uma conjuntura ao redor das suas atitudes que permita que você aja de acordo com os seus princípios. Sendo assim, você consegue responder aos estímulos do mundo sem sofrer influência dos valores e pensamentos das outras pessoas. O único ponto contrário é que você começa a realmente assumir a culpa pelas suas decisões! E fica pior ainda se seu hábito atual é colocar a culpa em outras pessoas. Na minha profissão de planejador financeiro, é muito comum observar o quanto estamos acostumados a colocar os problemas em fatos que não “controlamos”: “não consegui poupar esse mês porque tive que pagar IPVA, licenciamento, etc.”; “tive que gastar um pouco a mais naquele restaurante porque era aniversário do meu amigo e não queria fazer feio”. E não, eu não estou dizendo que não assumo esse comportamento com certa frequência, mas estou tentando mudá-lo. No momento que você não mais acha que o seu colega de trabalho “te deixa irritado” e você percebe que “se deixa irritar” pelo seu colega de trabalho, você assume o volante do carro. Do ponto de vista gramatical, você deixa de ser o “objeto” e passa a ser o “sujeito” da sentença.

Hábito 2 – Começar com um objetivo em mente

Como planejador financeiro, lido com certa frequência com pessoas que sabem o que querem: casa, carro, independência financeira. “Tudo bem, essa parte é simples. Eu também quero uma cobertura em Copacabana e uma Lamborghini“. O que Covey fala sobre esse segundo hábito é que todas as coisas são criadas duas vezes: uma vez quando você define que é o seu objetivo (ok, já fiz isso, cobertura e Lamborghini); e a segunda é quando você coloca o objetivo em prática. Isso pode ser traduzido tanto para os negócios, com o objetivo de criar uma empresa que atenda uma demanda existente e traçando todos os planos para chegar em tal posição, quanto para o lado das finanças pessoais. Se o seu objetivo pessoal é chegar no momento da aposentadoria com R$ 10 milhões, é preciso acordar todos os dias e se lembrar do que deve ser feito para atingir tal objetivo.

Hábito 3 – Colocar o primeiro em primeiro

Nesse hábito Covey fala principalmente da atribuição de importância das suas tarefas e cria uma tabelinha bem didática para aprendermos quais seriam as tarefas que deveríamos nos concentrar mais.

  Urgente Não-Urgente
Importante I – Crises, projetos com data limite II – Prevenção, relações, planejamento, recreação
Não-Importante III – Interrupções, ligações, atividades populares IV – Algumas ligações, alguns e-mails, atividades prazerosas

Todas as tarefas do dia-a-dia devem ser categorizadas de acordo com a tabela acima. Os indivíduos que passam a maior parte do tempo no quadrante I (Urgente e Importante) estão constantemente lidando com alto nível de estresse e, quando sobrevivem a uma crise, logo em seguida precisam lidar com outra. Com esse nível de atribulação, frequentemente precisam “pular” para o quadrante IV, com atividades que não são urgentes, mas também não são importantes. A pessoa eficiente tenta se manter sempre no quadrante II, enquanto controla ao máximo a frequência do quadrante I. É impossível evitar 100% das crises, mas com bom planejamento (quadrante II) é possível adiantar todos os projetos que possuem prazo e evitar o estresse da última hora (como uma prova, ou um relatório).

Hábitos 4, 5 e 6 – Pensar Ganha/Ganha; Procurar primeiro compreender, depois ser compreendido; Criar Sinergia

Tomei a liberdade (me desculpe Dr. Covey) de agregar os hábitos 4, 5 e 6 na mesma discussão. Os hábitos que tratamos acima são muito mais voltados para o ganho “individual”. Seja como pessoa, principalmente nos hábitos 1 e 2, seja como profissional, como no hábito 3 (não que as tarefas pessoais não possam ser classificadas em ordem de importância/urgência). Os hábitos 4, 5 e 6, entretanto, já são mais voltados para o que é chamado de “vitória pública”.

Esse hábito tenta enraizar no pensamento do leitor de que não é preciso atrapalhar o seu colega para que você seja vitorioso. Ao contrário, o ideal é pensar em termos de ganha/ganha! A competição é estimulada desde cedo em nossa sociedade e, talvez seja algo natural do ser humano. Desde crianças o objetivo é jogar futebol melhor que o outro, correr mais que o colega. Com o passar dos anos, mudam os objetivos, mas a competição permanece: quem tem o melhor trabalho, o melhor apartamento, o melhor carro, e por aí vai. Quando estamos pensando em negócios, é até possível fazer com que você ganhe enquanto seu fornecedor, por exemplo, perde. Entretanto, esse relacionamento não será duradouro e você perderá a chance de conquistar a confiança e lealdade de um fornecedor, que poderia te conceder pequenos momentos de ganho ao longo de vários anos e que seria maior do que o ganho no curto prazo, conquistado através da perda do fornecedor.

Uma forma eficiente de começar a fazer isso é implementar o hábito 5: Procurar compreender primeiro e depois ser compreendido. É comum tentarmos forçar a nossa opinião e nossas necessidades sobre o outro enquanto estamos pouco  preocupados com o que ele quer ou pensa. É uma ferramenta que desenvolve sua capacidade de empatia (capacidade psicológica para sentir o que sentiria uma outra pessoa caso estivesse na mesma situação vivenciada por ela).Todas as pessoas querem ser compreendidas e apreciadas. Quando isso é feito, seu interlocutor abre as suas defesas e esquece o pensamento de ganha/perde, começando a pensar em ganha/ganha.

Com o hábito 6, a sinergia, colocamos os 2 hábitos anteriores em prática e conseguimos ganhar mais do que a junção dos ganhos separados entre 2 interlocutores. É possível utilizar essa forma de comportamento de modo a criar soluções que não existiriam de outra forma, aproveitando pontos de vista e capacidades diferentes.

Hábito 7 – Afiar a ferramenta

Pessoas que se situam muito no quadrante I das tarefas (Urgente/Importante) normalmente ficam sobrecarregadas e não conseguem manter o equilíbrio, seja na vida profissional, seja na vida pessoal. Desde que eu era mais novo meu pai me contava uma parábola interessante:

“ Certa vez, um velho lenhador, conhecido por sempre vencer os torneios que participava, foi desafiado por um outro lenhador jovem e forte para uma disputa. Muitos acreditavam que finalmente o velho perderia a condição de  campeão dos lenhadores, em função da grande vantagem física do jovem desafiante. No dia marcado, os dois competidores começaram a disputa, na qual o jovem se entregou com grande energia e convicto de que seria o novo campeão. De tempos em tempos olhava para o velho e, às vezes, percebia que ele estava sentado. Pensou que o adversário estava velho demais para a disputa, e continuou a carpir com todo vigor. Ao final do prazo estipulado para a competição, foram medir a produtividade dos dois lenhadores e pasmem! O velho vencera novamente, por larga margem, aquele jovem. Intrigado, o moço questionou o velho:

– Não entendo, muitas vezes quando eu olhei para o senhor, durante a competição, notei que estava sentando, descansando, e, no entanto, conseguiu cortar muita mais lenha do que eu!

– Engano seu, disse o velho. Quando você me via sentado, na verdade, eu estava afiando meu machado. E percebi que você usava muita força e obtinha pouco resultado. ”

É comum o indivíduo ficar demasiadamente ocupado com a cabeça abaixada batendo com toda sua força no pedaço de lenha e se esquecer do instrumento que te permite fazer aquilo: o machado! Não fosse o machado, o lenhador não poderia cortar a lenha com suas próprias mãos (não aconselho ninguém a tentar). Não se esqueça que o seu machado é tudo que compõe o seu ser. É preciso sempre atualizar seus conhecimentos sobre o seu negócio, mas é preciso manter a saúde física com exercícios e alimentação! Somos seres sociais e precisamos estar próximos da família e amigos, além da parte espiritual, seja por meio da religião, meditação, autoconhecimento, etc.

Conclusão: falando assim parece fácil. Na prática é bem mais difícil! É por isso que a ideia é que se tornem hábitos. É tão complicado resistir ao pensamento de “amanhã eu vejo isso” que para que dê certo, às vezes não se pode pensar muito. Deve ser algo que você simplesmente faz, independente das condições adversas ao seu redor. Dedique uma parte do seu salário à poupança, faça chuva ou faça sol, e você chegará no seu objetivo da independência financeira. Dedique uma parte do seu dia aos exercícios e você terá muito mais fôlego e longevidade para criar um novo negócio, para brincar com seus filhos, etc. Comece aos poucos, de uma maneira não muito abrupta, e com o passar do tempo você se tornará uma pessoa muito mais eficaz em todos os aspectos de sua vida!

Rafael Alves é planejador financeiro na WG Finanças

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2 comentários em “F&L – Finanças & Leitura”

  1. Edson disse:

    Já li e é ótimo. Aplicar os princípios é que é difícl…

    1. Oi, Edson!
      De fato nem sempre é simples, mas conte com a nossa ajuda caso precise de algum esclarecimento específico.

      Abraços!

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