casais inteligentes enriquecem juntos

F&L – Finanças & Leitura: Casais inteligentes enriquecem juntos

Se você se interessou em algum momento por finanças pessoais provavelmente esse foi o primeiro nome que você encontrou. Com títulos publicados fora do Brasil, Gustavo Cerbasi é um profissional plural: escritor, palestrante, consultor financeiro, administrador, já foi professor, começou um canal no YouTube e a lista se estende.

Casais inteligentes enriquecem juntos foi lançado em 2004 com grande sucesso e é um dos livros mais vendidos do autor, inspirando o filme “Até que a sorte nos separe” estrelado por Leandro Hassum e Danielle Winits. Gustavo escreve seu livro contando exemplos de casais fictícios, e até mesmo compartilhando um pouco da história pessoal, fazendo com que a leitura flua bem e o entendimento seja muito simples.

O livro se divide em três grandes tópicos: quais são as possíveis combinações dos casais considerando o perfil financeiro de cada uma; o segundo examina esses aspectos procurando atingir as metas e os sonhos do casal através de uma ordem linear, começando do namoro e finalizando na educação dos filhos; na terceira Gustavo fala das maneiras inteligentes de administrar o patrimônio conquistado durante a vida a dois.

Não vou tentar passar todas as dicas e cálculos que o autor descreve em seu livro, até porque isso gastaria páginas demais. Vou construir uma mistura dos três blocos e compartilhar impressões e conclusões, combinando com algumas opiniões pessoais, para incentivar os casais a se presentearem com o livro do Cerbasi para juntos construírem não só um futuro, mas um presente melhor e mais suave.

Vou começar esse post parafraseando o autor:

“O grande charme do dinheiro está no fato de ele raramente se mostrar como o vilão da história.”

Antes de olhar para dentro, temos uma tendência natural de sempre procurar culpados externos aos problemas. E isso se estende, claro, ao dinheiro.

Quando um casal não tem dinheiro para um jantar romântico, o problema não é a falta dele, mas sim a falta de romantismo.  Se o cônjuge repete roupas com frequência, a culpa novamente não é do dinheiro, mas sim do desleixo. Note que isso não é unilateral e não está relacionado com o gênero, podendo ser aplicada em todos os casos imagináveis.

A falta de dinheiro nem sempre é o único causador de desavenças. Mesmo com salários altos, um dos cônjuges pode começar a julgar o perfil de gastos do outro ou sobre a forma como o dinheiro está sendo administrado. Quando não há alinhamento de momento de vida, de objetivos profissionais e pessoais, e o mais importante, transparência, fica bem complicado o amor sustentar essa relação (e aí estamos admitindo que esse sentimento exista no relacionamento, ou seja, uma hipótese otimista).

Transparência: você e seu cônjuge conversam sobre dinheiro? Provavelmente conversam sobre viagens, sobre comprar um apartamento novo ou sobre o jantar romântico. Porque não conversar sobre o dinheiro então, que a princípio, é o que proporciona os primeiros?

Com matemática não tem conversa. 2+2 = 4 em qualquer lugar do mundo e não adianta fazer birra nem parar de conversar com o marido ou a esposa.

“Ah, mas a gente trabalha tanto, de vez em quando a gente merece um restaurante melhor”; “Há quanto tempo não vamos até a praia”….. e por aí vai.

Não estamos julgando se vocês merecem ou não, longe disso. O que estamos dizendo é que a matemática “couldn’t care less” para seus argumentos. E, segredo nosso, mas os bancos estão torcendo para que você não faça as contas e se endivide com eles.

Ok, então o segredo é ser “mão-de-vaca” e me contentar com um McDonalds e uma viagem para o interior?

Talvez. É isso que a sua renda pode te proporcionar hoje? O que está sobrando do seu salário é suficiente para sustentar seu padrão de vida quando você não trabalhar mais?

O mais importante é ter uma visão puramente racional sobre o orçamento do casal e suas expectativas. De novo, é impossível ter uma BMW ganhando salário mínimo e, o máximo que vai conseguir tentando atingir algo que sua renda não pode te oferecer, é uma bela taxa de juros para o banco e o cartão de crédito.

PS: Por mais que eu repita essa história dos juros, não coloque a culpa no banco. O verdadeiro problema aqui é assumir que pode ter um padrão mais elevado do que a renda permite.

A matemática não é esse monstro todo. Ela é infalível para ambos os casos. Se vocês possuem uma meta, definam essa meta matematicamente e ela vai se realizar!

 

Suponha que vocês hoje possuem um carro 0km que custou R$ 62.500. Em 2 anos vocês pretendem trocar esse carro por um carro de R$ 80.000.

Passados dois anos, seu carro se desgastou e vale somente R$ 50.000, portanto você precisa completar com R$ 30.000. Vocês têm duas formas de completar esse valor: contraindo uma dívida ou voltando no tempo e se planejando.

Supondo que você faça uma dívida com taxa de 2% ao mês e prazo de 2 anos (porque vocês pretendem trocar de carro novamente passados esses 2 anos), a parcela dessa dívida será de R$ 1.586,13.

Agora vamos supor que é possível voltar no tempo e você vá se planejar para acumular R$ 30.000 e trocar o carro sem se endividar. Se você investir com rendimento de poupança, 0,6% ao mês e o prazo de 2 anos:

Você teria que poupar R$ 1.165,90.

R$ 1.586,13 – R$ 1.165,90 = R$ 420,23

Você economizaria esse valor mensalmente por ter planejado suas metas. Multiplique isso por 24 e você poderia ter gasto R$ 10.085,61 com QUALQUER outra coisa! Caso não se planeje, quem gosta disso é o banco.

 

“No estereótipo de uma família financeiramente bem-sucedida, o tamanho da casa e do carro cresce ao longo dos anos, os filhos têm os brinquedos e eletrônicos da moda e ganham carro ao entrar na faculdade, a casa de campo ou de praia dos pais vira destino de fim de semana dos amigos dos filhos e o casamento dos jovens é totalmente pago pelos pais. Eis um verdadeiro conto de fadas da classe média.”

Viver em sociedade, principalmente no modelo de famílias que vivemos hoje, é uma tarefa complicada. O convívio nem sempre é suave e isso gera conflito e estresse, principalmente. Não adianta você colocar seu filho no seu SUV e obrigá-lo a frequentar a igreja todos os domingos, se durante o resto da semana você e seu cônjuge se desrespeitam na frente dele porque não conseguem pagar as contas.

Não tenho nada contra religião nem SUV’s! A moral da história é que a saúde financeira é uma base muito mais estável para construir uma família e isso deveria ser motivo mais do que suficiente para você e seu cônjuge se organizarem.

“Dificuldades financeiras são escolhas pessoais: vocês decidem tê-las quando ignoram a importância do planejamento financeiro.”

Nós todos sabemos que você vai se surpreender com certa frequência e ganhar de bandeja inúmeros problemas ao longo da vida. Que tal deixar somente os que você não pode evitar?

 

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Rafael Alves é planejador financeiro da WG Finanças Pessoais

 

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