Perdemos o grau de investimento: e agora?

O assunto pode parecer velho ou reciclado mas agora é fato: não temos nenhuma das 3 grandes agências de rating nos considerando grau de investimento.

É comum os clientes perguntarem: “mas de novo?” Sim, mas agora foi uma outra agência, a Moody´s. Como o tema é remastigado e um repórter só repete o que o outro fala, vamos fazer um artigo DEFINITIVO:

  1. O que é rating? É a nota que essas agências dão a países e empresas. Quanto maior, menos arriscado é considerado investir naquela “instituição”.
  2. Qual a importância disso para o Brasil? O país emite títulos para refinanciar (ou rolar) a sua dívida, para financiar seu investimentos em infra-estrutura e outros projetos e finalmente, e mais a ver com o dia a dia atual, para “fechar a conta” no final do ano. A palavre “déficit” tem sido ouvida recorrentemente devido ao país possuir hoje mais compromissos do que receitas. Logo, terminamos o ano no negativo e para cobrirmos esse saldo emitimos dívida ou títulos públicos. Esses títulos pagam juros aos seus compradores e quanto maior a nota de risco (ou rating) menos juros temos que pagar. Moral: o país entra em um ciclo perverso no qual quanto mais déficit ele possui, pior é o seu rating. Daí mais juros ele tem que pagar para captar dinheiro emprestado e, logo, mais fácil a conta não fechar novamente nos anos seguintes.
  3. E do ponto de vista do mercado financeiro, qual a mudança? Muitos fundos de investimentos tem em seus regulamentos a obrigatoriedade de investirem apenas em países que detenham o selo de “grau de investimento”, vulgo rating elevado. Ao perdermos esse selo, muito dinheiro sai do país na forma de resgates de títulos, ações e outros fundos. Isso faz com que a bolsa caia, o dólar suba e os títulos brasileiros se deteriorem.
  4. Então esse é um problema que afeta apenas os grandes investidores? Na verdade, não. As empresas nacionais passam a ter mais dificuldade de captar recursos nos mercados internacionais e, quando captam, fazem-no a elevados juros. Isso gera dificuldades econômicas para o país, desemprego, altos juros (que aumentam o endividamento da população) e diminuição dos investimentos em novas indústrias e negócios.
  5. Qual é a perspectiva? Infelizmente as 3 agências sinalizaram perspectiva negativa. Em 2 delas o país já desceu 2 “degraus” na sua classificação, por causa da acentuada deterioração das nossas contas públicas.
  6. Como recuperar esse selo? É preciso mostrar que estamos novamente nos trilhos, isso é, que estamos diminuindo nossa dívida, investindo de forma mais consciente e combatendo os vilões da economia: o déficit, o desemprego e a inflação.

Como planejador pessoal não tem como não fazer um paralelo com a saúde financeira de pessoas e de famílias. Por mais que haja, obviamente, muitas diferenças, podemos implementar a seguinte lógica: se uma família tem poucos dos seus membros empregados, tem pagado suas contas em atraso, sistematicamente se endivida para conseguir honrar seus compromissos e investe pouco em educação, reciclagem de conhecimentos e em desenvolvimento profissional, poucos ou nenhum agente do mercado irá financiá-lo. Pode ser um banco, uma fundação que oferece bolsas de estudo ou mesmo um parente que busca ajudar. Isso porque é considerada baixa a probabilidade de que tal investimento dê retorno no futuro.

Mesmo sendo uma analogia pouco técnica e um pouco forçada, ela explica bem como o Brasil tem sido visto internacionalmente hoje em dia.

 

Lucas Radd, CFA (Chartered Financial Analyst) é sócio-fundador da WG Finanças Pessoais

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