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Bolha Imobiliária - parte II

Para quem está chegando agora no tema, a parte I do artigo.

O preço das coisas é determinado pelo famoso equilíbrio entre oferta e demanda. Um exemplo clássico é: Quanto vale um diamante no meio de uma cidade e quanto ele vale no meio do deserto? Quanto vale uma garrafa de água no meio da cidade e quanto vale no meio do deserto? Acho que isso explica que a mesma coisa, embora tenha um valor intrínseco pode ter preços diferentes em momentos distintos.

Os imóveis no Brasil se valorizaram muito nos últimos anos e todo mundo observou. Isso foi fruto da expansão do crédito que tornou possível a quase todos a realização do sonho que seus pais e avós plantaram em suas cabeças: "tenha uma casa sua. Isso ninguém toma".

O que ocorreu foi: muita gente comprando, construtoras aumentando as compras de terrenos e número de unidades vendidas. A escalada dos preços foi acontecendo e não vou nem mencionar os já comentados (no artigo anterior), jovens que "sabem fazer dinheiro". Esses começaram a comprar na planta com a certeza de que iriam vender com lucro na entrega das chaves. Agora, com o mercado mais desaquecido, estão em financiamentos de imóveis indesejados ou tentando vende-los sem nenhum comprador a vista.

Vou focar em quem comprou de fato sua residência: Uma pessoa comprou seu apartamento; dois quartos, banheiro, lavabo, um bairro a uns 10km do centro, lazer completo dividido entre as quatro torres. Preço: 600 mil reais. Formato da aquisição: 10% de entrada e 540 mil financiados em 30 anos.

Os fatos a seguir são hipotéticos e ilustrativos. Não estou dizendo que vão ocorrer.

O Brasil não está na melhor economia que se pode desejar, mas ainda continuamos com uma baixa taxa de desemprego. Suponhamos que o cenário mude e nosso amigo do exemplo acima fique desempregado. Ele não conseguirá pagar sua parcela e o banco irá tomar sua casa. Como ele várias outras pessoas perderão seus empregos (caso hipotético de uma economia em crise) e consequentemente seus imóveis. Dessa forma, as já numerosas placas de vende-se da região central das cidades se multiplicarão.

Pois bem, lembra-se da oferta e demanda não é? O aumento da oferta pressionará e o preço dos imóveis cairá. E quem não ficou desempregado? Esses continuarão com uma divida de 540 mil para pagamento de um imóvel que agora custa 400 mil.

Estou dizendo então que estamos em uma bolha imobiliária? Já falei e vou repetir: não sei. Fato é que o Brasil não é mais o país dos nossos pais e avós. Imóveis não caíam de preço por dois motivos: primeiro porque pouquíssimas pessoas conseguiam compra-los (devido ao baixo crédito) e segundo porque o país até outro dia era predominantemente rural (1940 - 30% da população era urbana; 1970 - 55%; 2005 - 85%), logo, qualquer terreno perto de uma cidade se valorizou enormemente. Você acha mesmo que isso vai ser repetir?

Ocorreu uma crise imobiliária (entre várias outras) no Japão na década de 90 e uma nos EUA em 2008. O Brasil é tão especial que não teremos uma (agora ou no futuro)?

Lucas Radd - economista e sócio da WGFP, planejador financeiro pessoal CFP® e gestor de carteiras CGA pela Anbima

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